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domingo, 16 de março de 2014

Luiz Americano



Luiz Americano Rego
 27/2/1900 Aracaju, SE
 29/3/1960 Rio de Janeiro, RJ
Clarinetista. Saxofonista. Compositor.
Seu pai, Jorge Americano, era mestre de banda na cidade de Aracaju. Com o pai começou a estudar música com 13 anos de idade. Em 1918 foi servir ao Exército e entrou para a Banda de seu quartel. Pouco depois foi tranferido para Maceió e passou a servir no 20º Batalhão de Caçadores. Em 1921 foi transferido para o 3º Regimento de Infantaria no Rio de Janeiro. Por ocasião de seu falecimento em 1960, assim noticiou o jornal O Globo: "Luiz Americano do Rego, veterano músico popular, compositor de muitos sucessos, foi enterrado ontem no Catumbi. Morrera pela manhã, às 8h50m, no Hospital dos Radialistas, onde estivera internado durante dois meses. Contava 60 anos de idade e desde os 13 se dedicava ao saxofone e à clarineta. O seu último disco - "Por que choras, saxofone?" -, gravou-o há seis meses, quando já estava bem doente. Os diagnósticos não chegaram a apontar com segurança a moléstia que o fez sucumbir, embora a opinião dos médicos que o assistiram se inclinasse pela cirrose."
Depois que saiu do Exército, passou a atuar como instrumentista em diferentes orquestras. Integrou as orquestras de Justo Nieto, Raul Lipoff,  Simon Bountman e Romeu Silva. No início da década de 1920, participou do acompanhamento instrumental de algumas gravações realizadas na Odeon. Em 1923,  gravou um disco não comercial, um registro particular feito para Andreosi,  regente  italiano  que desejava levar para seu país um disco brasileiro.  Em 1927, gravou seu primeiro disco na Odeon interpretando ao saxofone, de sua autoria, a valsa "Leda" e o choro "Sentimento". No mesmo ano, gravou de Freire Jr. o maxixe "Desordeiro". Em 1928, foi para a Argentina atuando por três meses na orquestra do baterista norte-americano Gordon Stretton. Trabalhou depois com a orquestra do argentino Adolfo Carabelli. Atuou com Pixinguinha, Donga, Bonfíglio de Oliveira e João da Bahiana no Cabaré Assírio. Em 1929, gravou, de sua autoria, ao clarinete, o choro "Dindinha" e, ao saxofone, o choro "Lisses". Regressou ao Rio de Janeiro em 1930, quando formou um conjunto de dança denominado "American Jazz", que durou dois anos.  Em 1931, gravou na RCA Victor, de sua autoria, o choro "Numa serenata" e a valsa "Lágrimas de virgem", que foi um dos destaques do ano. Em 1932, passou a integrar o Grupo da Velha Guarda atuando ao lado de Pixinguinha, Donga, entre outros. No mesmo ano, gravou no saxofone o choro "Eu te quero bem" e no clarinete, a valsa "Melodia de um olhar", ambos de sua autoria. Durante esta época, realizou gravações para a Odeon mostrando um repertório próprio no qual se destacam  o choro "É do que há"  e a valsa "Lágrimas de virgem",  composições que estão entre os maiores sucessos do clarinetista como compositor. Esta última rendeu-lhe em direitos autorais o suficiente para comprar a casa em que residiu no bairro de Brás de Pina.  Em 1933, Sérgio Brito colocou letra na valsa "Ao luar", que foi gravada na Odeon pelo cantor Castro Barbosa. Em 1934, gravou de sua autoria o choro "Luiz Americano de passagem pela Arábia" e a valsa "Léa". No mesmo ano, gravou do maestro Radamés Gnattali o choro "Serenata do Joá" e a valsa "Vilma". No ano seguinte, gravou de Vicente Paiva o choro "Saxofone etc..." e a valsa "Marina". Em 1937,  integrou o Trio Carioca com Radamés Gnattali ao piano e Luciano Perrone na bateria,  numa inusitada experiência musical para a época. A idéia do grupo surgiu de mister Evans, diretor da gravadora RCA Victor, inspirado no sucesso mundial do trio de Benny Goodman (clarinete), Gene Krupa (bateria) e Teddy Wilson (piano).  O Trio Carioca gravou apenas um disco com os choros "Cabuloso" e "Recordando", de Radamés Gnattali. No mesmo ano gravou de Luperce Miranda o choro "Alma do norte" e participou como instrumentista da gravação da marcha "Mamãe eu quero", de Jararaca e Vicente Paiva. Gravou também com o Trio de Saxofones que criou, a valsa "Irmã branca", de Lauro Paiva e o choro "Eu te quero bem", de sua autoria.  Em 1938, gravou de sua autoria a rumba "Meu Brasil" e o choro "O pandeiro do João da Bahiana", uma homenagem ao pandeirista pioneiro do samba carioca e, de Vicente Paiva, a valsa "Como é bom viver" e o choro "Um chorinho na Urca". No ano seguinte, registrou, de Laurindo de Almeida, a valsa "Uma lembrança, uma saudade" e o choro "Pensando em você". Em 1940, fez parte do grupo de músicos escolhidos por Pixinguinha, a pedido de Heitor Villa-Lobos, para realizar gravações para o maestro Leopold Stokowski que visitava o Brasil.  No mesmo ano gravou ao saxofone a valsa "Vertigem", de Donga. Em 1944, acompanhou com seu conjunto a cantora Aracy de Almeida na gravação dos sambas "O galo onde canta janta", de Roberto Cunha e Isidoro de Freitas, e "Na parede da igrejinha", de Ary Barroso. No ano seguinte, também com seu conjunto, acompanhou a mesma Aracy de Almeida na gravação dos sambas "Ele disse adeus", de Marino Pinto e Claudionor Cruz, e "João Cegonha", de Rubens Soares e David Nasser. Em 1948, gravou na Continental, de sua autoria, o choro fandango "A clarineta do Garapa" e o choro polca "Um baile na Covanca", interpretados ao clarinete. No ano seguinte gravou com Raul de Barros e sua orquestra, de sua autoria, os choros  "Estes são outros quinhentos" e "Não está com tudo". Atuando durante décadas na radiofonia como clerinetista e nos estúdios de gravação em 1951 organizou uma bandinha e com ela gravou de sua autoria a polca "Tô achando graça" e a valsa "Saudade de Vila Mariana".  Em 1953, foi contratado pela gravadora Todamérica onde estreou com os choros "Saxofone, por que choras?", de Ratinho, e "É do que há", de sua autoria, e as valsas "Aurora", de Zequinha de Abreu, e "Lágrimas de virgem", de sua autoria.  Exerceu intensa atividade artística entre as décadas de 1930 e 1940, tornando-se  destacado clarinetista e saxofonista de choro.  Fez sucesso como compositor e solista gravando com os mais prestigiados cantores da época. Atuou no teatro musicado e em dancings e participou  como músico de estúdio das Orquestras da Rádio Mayrink Veiga  ( entre os anos 1930-1950) e da Rádio Nacional  (anos 1950-1960). Nos anos 1950, suas últimas gravações já não apresentavam o brilho e a técnica que caracterizaram suas execuções em épocas anteriores.  Ainda assim, tendo sido um dos mais atuantes  músicos  de estúdio, deixou  inúmeras e brilhantes  participações  em gravações como o solo que fez na introdução do fox "Renúncia",  sucesso  que projetou o cantor Nélson Gonçalves, em 1942. Lançou pela RCA Victor os LPs "Chora saxofone" e "Luiz Americano e seu conjunto". Em 1954, Ary Barroso em entrevista para a "Revista da música popular" o citou como um dos mais importantes músicos da música popular brasileira. No começo dos anos 1960, a RCA lhe prestou homenagem editando elepê pelo selo CAMDEN com seus maiores sucessos. Em 1970, seu choro "É do que há", foi gravado por Netinho do clarinete e seu conjunto, no LP "Clarinetinho nº 2 - Netinho e seu conjunto", do selo Fontana/Philips.  Em 2001, foi homenageado pelo selo Intercdrecords com o CD "Luiz Americano - Saxofone, por que choras? No qual aparecem 14 interpretações suas, entre as quais "Saxofone, por que choras?", de Ratinho; "Aurora", de Zequinha de Abreu e Ruy Borba; "Lágrimas de virgem" e "É do que há", de sua autoria e "Macumbeiro", dos Irmãos Orlando, além de "Minha lágrima", "Sorriso de cristal" e "A dança do calango", de Érica Rego.

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