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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Djalma Ferreira



Djalma Ferreira 
Rio de Janeiro, 5 de maio de 1913 - Las Vegas, 28 de setembro de 2004
Foi um músico e compositor brasileiro. Djalma aprendeu piano e violino na Itália. Freqüentou as noites boêmias do Rio na companhia de Noel Rosa, e conheceu intimamente a vida de todos os grandes cassinos cariocas. Inaugurou uma boate no Peru e outra na Bolívia, foi o primeiro músico brasileiro a ter uma gravadora - a Drink e, depois de tudo isso, ainda se lançou na grande aventura de recomeçar tudo em Las Vegas.
Carioca do bairro da Saúde, Djalma acompanhou a mudança de seu pai para a Itália, com apenas 12 anos. Benedito Neves Ferreira, seu pai, era oficial da Marinha e um dos responsáveis pela comissão do Governo Brasileiro que acompanhava a construção do submarino Humaitá, o primeiro da frota brasileira a cruzar o Atlântico, por sinal com Benedito a bordo.
O Oficial Benedito não aceitou que o filho estudasse nas escolas italianas, com medo de que o menino, ainda novo, se contaminasse com as idéias fascistas. Preferiu entregá-lo à educação no próprio lar e ao professor de música Rafaelli Romano.
Djalma detestava os estudos teóricos e se confundia entre notas e pautas. Além disso, nunca se adaptou à disciplinas rígidas como a daquele professor. Mas já tocava, de ouvido e, inclusive, para espanto geral de todos que se achavam presentes em um bar italiano, aos 14 anos executou um arranjo em ritmo de samba para a Giovinezza, o hino fascista.
Quando em 1932, aos 18 anos, voltou para o Rio de Janeiro, apaixonou-se pelos sons que Carolina Cardoso de Menezes arrancava do piano e passou a imitá-la. Conseguiu um lugar não remunerado na antiga Rádio Educadora, onde continuou se exercitando por conta própria, apesar dos esforços de seu pai para direcioná-lo a um negócio rentável ao invés da vida artística.
Mas em 1936, já era um profissional da música. Vem dessa época, em especial, dos programas que fazia no rádio, sua amizade com grandes nomes da música brasileira como Noel Rosa, Henrique Batista e Marília Batista.
Djalma andou pela América do Sul, inaugurou a boate Embassy em Lima, ao lado de Josephine Baker. Apresentou-se na boite Casanova, em Santiago, Chile. Comprou a sua própria casa noturna de shows, a Gong, em La Paz. Quando voltou para o Brasil, encontrou um Rio de Janeiro dançante com as boates se multiplicando em Copacabana. Djalma trazia na bagagem sua experiência internacional e muitos planos.
Foi quando fundou o Drink. A partir daí, seguiram-se anos em que tudo dava certo. Os crooners que Djalma lançava ou acompanhava: Ed Lincoln, Helena de Lima, Luís Bandeira, Miltinho, Jair Rodrigues não tardariam a fazer carreira por conta própria embalados pela credencial de se terem apresentado ao seu lado ou mesmo feito parte dos Milionários do Ritmo. Atuou em São Paulo, continuou gravando, um êxito após outro. Sua Boite Drink transformou-o num homem rico.
A vontade de buscar novos desafios e um desentendimento com a fiscalização que tentava impedir o funcionamento de uma de suas casas o fizeram decidir deixar o Brasil. E, claro, buscou a cidade dos cassinos, Las Vegas.
Las Vegas o atraía por inúmeras razões, mas sobretudo, por suas mesas de jogo e pelas oportunidades que oferecia aos músicos. Passados os dois primeiros anos difíceis, Djalma conseguiu se firmar, assinou contratos, tocou com gente importante, tornou-se parceiro de Leonard Feather (My Place, I'm Happy Now, You Can't Go Home Again, Piece of Mine), e compôs músicas que ainda não são conhecidas no Brasil.
Quando, em 1979, esteve no Rio para visitar sua mãe, Djalma deu uma canja no Chico's Bar. E a oportunidade voltou a surgir em 1981, com a inauguração do Un Deux Trois, no Leblon, uma casa que procurava reviver o espírito daquela boate onde se dançava música suave até as 11 da manhã.
O conjunto foi então formado especialmente para acompanhar Djalma e estava afinado com o seu estilo: Neco (guitarra), Maurílio (piston), Tião Marinho (baixo), Ronaldo (ritmo), Luís (bateria), Julie Janeiro (cantora) e Aécio Flávio (piano). Dentro desse reencontro com a noite carioca, outro reencontro: Miltinho foi o crooner deste conjunto, depois de mais de 20 anos sem se apresentar com Djalma, ao lado de quem começou a fazer sucesso.
Faleceu no dia 28 de setembro de 2004, em Las Vegas, aos 91 anos, ao lado dos filhos Djalma, Luiz, Luiza e Izabella e de sua esposa Iza Ferreira, companheira de 60 anos de convivência e autora de letras de algumas de suas músicas.
 

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