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domingo, 2 de março de 2014
Luiz Chaves
Luiz Chaves Oliveira da Paz, O Luiz Chaves
27/08/1931 Belém, PA, Brasil.
22/02/2007 São Paulo, SP, Brasil.
Luiz Chaves ocupa um papel importante na história do contrabaixo brasileiro e, certamente, foi um dos baixistas de formação musical mais completa.
Além de contrabaixista, era violonista (embora não utilizasse o instrumento em público), violinista, e cantor com formação clássica. No contrabaixo, tinha os conhecimentos de um contrabaixista de orquestra, a vivência de um jazzista.
E, com sua forte base teórica de orquestrador e arranjador, conhecia por dentro a relação entre os naipes, os instrumentos, os timbres.
Dessa soma, Luiz Chaves desenvolveu uma linguagem própria, com algumas características marcantes:
seu contrabaixo não se limitava a fazer a “cozinha” rítmica, mas interagia diretamente com o piano, com a bateria, com os outros instrumentos, e com os cantores
seu contrabaixo era, portanto, um instrumento melódico tanto quanto rítmico
usava freqüentemente o arco tanto nos solos quanto nos acompanhamentos
alternava à vontade o swing do jazz com o balanço do samba
tinha recursos praticamente ilimitados de fraseado e articulação
Ao longo de toda a sua carreira, nenhuma dessas características foi deixada em segundo plano, nem se pode falar de uma “evolução”: até o fim continuou sendo jazzista, músico de orquestra, baixista de MPB, acompanhante e solista conforme o momento, o clima e os músicos e cantores com os quais se apresentava.
A carreira de Luiz Chaves pode ser dividida em dois períodos: antes do Zimbo Trio; e com o Zimbo Trio.
Antes do Zimbo, ainda residindo em Belém, participou como violonista de alguns grupos instrumentais, nos quais tocou ao lado de seu irmão, o contrabaixista Sabá.
Mudou-se para o sudeste e, entre São Paulo e Rio de Janeiro, a partir de 1958, trabalhou com Johnny Alf, Moacyr Peixoto e Pedrinho Mattar, entre outros.
Com Moacyr, fez parte do Brazilian Jazz Quartet, que tinha ainda Casé no saxofone e Rubinho Barsotti na bateria. Chegaram a gravar um disco chamado “Coffee & Jazz”. O grupo de apresentou no Segundo Festival de Jazz de Câmara no Teatro Municipal de São Paulo, em 1960.
Com Pedrinho Mattar e Rubinho Barsotti, teve um programa na TV Excelsior onde executavam música instrumental, entre 1960 e 1961.
Também em 1960, fez parte do trio de Dick Farney (com Heraldo do Monte na guitarra), e do quarteto de Dick Farney (ao qual se somou Rubinho na bateria).
Gravou seu primeiro e único disco autoral, “Projeção”, em 1963, e formou um quarteto que nunca chegou a gravar discos com Cesar Camargo Mariano (piano); Rubinho (bateria); e Heraldo do Monte (guitarra).
Também em 1963, o último passo antes da criação do Zimbo Trio. Novamente com o pianista Moacyr Peixoto e o baterista Rubinho, formou um trio que se apresentou durante longa temporada na Boate Baiúca. Quando Moacyr resolveu se retirar, os dois remanescentes convidaram Amilton Godoy para assumir o piano e, em 17 de março de 1964, o Zimbo Trio se apresentava em público pela primeira vez, num show de Norma Benguel.
A carreira com o Zimbo Trio – que se tornou o mais antigo conjunto de música instrumental do mundo, após 40 anos de atuação ininterrupta – pode ser vista sob três perspectivas.
A primeira dela é a do conjunto que, desde o início, privilegiou as apresentações ao vivo. O Zimbo Trio vive na noite, e na estrada, percorrendo palcos do mundo inteiro, desde a sua gênese nas boates de São Paulo.
A segunda é a do conjunto que se especializou em acompanhar cantoras como Elis Regina, Elizeth Cardoso, Leny Andrade, Alaíde Costa e Leila Pinheiro. Aqui, a formação de Luiz Chaves, que inclui o estudo do canto, certamente desempenhou um papel importante.
A terceira é a carreira discográfica, que se traduziu em quase 40 títulos originais. Numa vida artística tão longa, e sempre com a mesma formação básica até o afastamento de Luiz Chaves, o Zimbo Trio teve a oportunidade e a necessidade de experimentar.
A estréia em disco foi em 1964. Em 1967, gravaram o primeiro disco com o trio acompanhado de cordas; depois, passearam pelo repertório brasileiro em diversos gêneros, como a bossa nova, o samba, o samba jazz, o choro, a MPB moderna e até a música do interior. Executaram o repertório internacional. Transformaram o trio em “instrumento” solista de orquestra, e chegaram a ter uma obra especialmente escrita para trio e orquestra pelo maestro Cyro Pereira – “Concertino para o Zimbo Trio”.
Em paralelo, inovaram a educação musical no Brasil criando, em 1973, o CLAM (Centro Livre de Aprendizagem Musical), nos moldes da Berklee School, de Boston, com o objetivo de oferecer uma formação profissional àqueles que aspiravam seguir carreira muslcal.
Em 1978, a CLAM deu origem a uma gravadora e, pouco depois, a uma editora musical que publicou mais de 20 títulos didáticos.
Como compositor independente, Luiz Chaves esteve, desde a década de 1970, ligado ao teatro, para o qual compôs trilhas; e, também, à publicidade, como criador de jingles. Mas estas foram dimensões da sua carreira às quais teve menor dedicação.
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