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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Paraguassú
Roque Ricciardi, o Paraguassú
25/5/1890 São Paulo, SP
5/1/1976 São Paulo, SP
Cantor. Compositor. Filho de imigrantes italianos, foi aprendiz de tipógrafo e ferreiro. Seu nome de batismo era Roque Ricciardi, com o qual gravou seus primeiros discos ainda na fase mecânica. Aborrecido de tanto ser chamado de "Italianinho do Brás", apesar de só cantar músicas brasileiras, optou estão por um nome bem brasileiro: "Paraguassu", nome que em algumas obras de referência aparece grafado com cê cedilha, mas que é escrito com dois esses, devido à origem tupi, onde "para" significa mar e "guassu" significa grande. Aprendeu rudimentos de violão com seu vizinho, de nome Antonio Russo, e já aos 12 anos de idade apresentava-se em bares onde tocava violão e cantava em troca de gorjetas.
Seresteiro solicitado no bairro do Brás, estreou em 1908, em um café cantante chamado "Parisien", ganhando cinco mil-réis por noite. Ali conheceu o palhaço-cantor Eduardo das Neves, que o convidou a participar de um festival por ele promovido no Circo Spinelli, em 1909. Nesta mesma época, formou um conjunto musical em que atuava como vocalista ao lado de um dos pioneiros da gravação de discos no Brasil, o cantor Caramuru (Belchior da Silveira) , acompanhados pelos violões de Canhoto (Américo Jacomino) e Luís Miranda. Exibiam-se no Bresser, barracão de zinco situado na rua do mesmo nome, ainda no bairro do Brás. Em 1912, gravou seu primeiro disco na Odeon com "Madalena" e "Mágoas", ambas de sua autoria. Apresentado a Catulo da Paixão Cearense, em 1921, cantou para ele a modinha "Palma de martírio", de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense. Catulo, que ficou sendo seu admirador, escreveu-lhe, posteriormente, os seguintes versos: "Qual seria o anel do cantor como tu, Paraguaçu? Como tu, cantor do amor? Esse anel seria uma saudade brilhante, ou melhor, uma saudade cantando na gravação de uma dor". Em 1923, inaugurada a Radio Educadora Paulista, foi o primeiro artista contratado da emissora. Três anos mais tarde, acusado de plagiar a valsa "A pequenina cruz de teu rosário", de Fetinga e Fernando Weyne, submeteu-se a uma ação judicial que repercutiu por todo o país, comprovando- se o plágio que havia sido por ele gravado como "Cruz do rosário", na Odeon. Gravou o primeiro disco em 1927 pela Odeon, com a modinha "Berço e túmulo", de sua autoria. No mesmo ano, cantou "Bem-te-vi", no filme do mesmo nome dirigido por Victor del Picchia. Esta canção, gravada em 1929, na Colúmbia, tornou-se um dos grandes sucessos do cantor. Em 1929 lançou pela Columbia o samba "Siá Maria" e a embolada "A juriti", de sua autoria. No mesmo ano gravou a modinha "Casinha pequenina", de domínio popular, para a qual fez os arranjos. Em 1930 registrou as canções "Teu quebranto" e "Segredo d'alma", de sua autoria e "Azulão", de Hekel Tavares e Luiz Peixoto e a embolada "Meu alazão", de sua autoria, entre outras. No mesm ano gravou em companhia de Mário Graccho e Januário de Oliveira o "Hino da Associação dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro", de José Domingos Brandão e do revistógrafo Bastos Tigre. Gravou ainda, de João Pernambuco a toada "Amô de caboco". Com pseudônimo de Maracajá gravou algumas músicas para a Colúmbia, dentro da "Série caipira Cornélio Pires". Em 1931 gravou a toada canção "Tenho pena de meus olhos", de Angelino de Oliveira. Em 1932 gravou de Miltom Amaral as canções "Todo poeta nasceu para sofrer" e "Meu cachimbo". Em 1933, compõe dois clássicos sertanejos: "Porteira véia" e "Violeiro do luá", com Assunção Fleury. Gravou, ainda, duas das mais expressivas toadas sertanejas, o "Luar do sertão", de Catulo Cearense e João Pernambuco e "Tristezas do jeca", de Angelino de Oliveira. No mesmo ano gravou de sua autoria o cateretê "Festa na roça", a marcha "Já te quis" e a canção "Pobre amor". Participou dos cinco primeiros filmes falados brasileiros: "Acabaram-se os otários", de Luis de Barros, em 1929, "Campeão de futebol", em 1931, de Genésio Arruda, "Coisas nossas", em 1931, dirigido por Wallace Downey com Procópio Ferreira e Sebastião Arruda, "Mágoa sertaneja", com Batista Júnior e "Fazendo fita", de 1935, com Alberto Marino, Alzirinha Camargo, entre outros. Organizou o Conjunto Verde e Amarelo, que integrado por José Sampaio e Pilé, nos violões, Fernando Chaves, no bandolim, Veríssimo e Atilio Grany, nas flautas e Garoto no banjo, o acompanhava na maioria de suas gravações. Em 1935 gravou com seu grupo Verde e Amarelo o samba canção "Confeitinho descorado", parceria com Assunção Freury e a marcha "Paulistinha", de sua autoria. No ano seguinte gravou de Angelino de Oliveira a canção "Lua cheia" e de Catulo da Paixão Cearense a canção "Luar do sertão" e a toada "Poeta do sertão". Em 1937 gravou com Roberto de Andrade os marabás "Tabajara", parceria com Roberto de Andrade e "Acalanto negro", de Roberto de Andrade. No mesmo ano lançou a toada "Tristeza do Jeca", de Angelino de Oliveira que se tornaria um clássico da música sertaneja. No mesmo período gravou com Nhá Zefa as batucadas "Baiana dengosa", de motivo popular com arranjos de sua autoria e "Olá, "seu" Barnabé", de sua autoria. Em 1938 gravou as valsas "Rutilante estrela" e "Já tens um novo amante", de sua autoria. No mesmo ano gravou de sua parceria com Ariovaldo Pires, o Capitão Furtado, a rancheira "Natal dos caboclos". No ano seguinte gravou as emboladas "Tico-tico" e "Gavião" e "Pombinha branca", de sua autoria. Em 1943 gravou na Continental a valsa choro "Saudades de São Paulo" e o tango canção "Taça da amargura", de sua autoria. Em 1945 lançou a modinha "Perdão Emília", de motivo popular, seu último grande sucesso e a toada canção "Mentirosa", de sua autoria. Em 1949 compôs com Mário Zan a valsa "Minha última serenata", gravada no mesmo ano na Continental. Conhecido como o "Cantor das noites enluaradas", foi um dos artistas mais populares do início do século XX, além de compositor inspirado. Publicou quatro livros : "Lira do Paraguaçu", "O cantor das noites enluaradas", "Cancioneiro do Brasil" e "Buquê de rimas". No carnaval de 1953, conquistou o primeiro e o segundo lugares no Concurso da Prefeitura de São Paulo, com os sambas "Vagabundo" e "Saberei me vingar". Em 1958, comemorando seu Jubileu de ouro, gravou na Colúmbia o LP "Mágoa de um trovador", com 11 composições suas. Em 1960, a Musicolor relançou gravações originais da Colúmbia de 1930 a 1937. Em 1969, gravou na Fermata o LP "Canção de amor", com antigos sucessos acompanhado pelo regional de Carlinhos Mafasoli. Paraguaçu foi o prmeiro cantor paulista a alcançar renome nacional, sem ter se transferido para o Rio de Janeiro.
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