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segunda-feira, 27 de outubro de 2014
José Prates
José Prates da Silva Moura
1928-2004
José Prates da Silva Moura foi músico, maestro, arranjador, compositor, coreógrafo, brincante de maracatu e amante do folclore brasileiro, dos cultos africanos e dos ritmos latinos, além de um dos mais brilhantes músicos deste país.
Um dado a mais para salientar seu talento: diferentemente dos que logo cedo passaram a conviver com a música – o que aconteceu com a maioria dos grandes músicos –, José Prates experimentou seus primeiros acordes já homem feito. Foi no tempo em que prestou o serviço militar na Marinha, um tempo em que, aproveitando os momentos de folga, aprendeu a tocar cavaquinho. O navio singrava os mares, e a imaginação de José Prates, movida pelos acordes, cruzava os oceanos, corria mundos.
De volta à vida civil, José Prates não perdeu tempo: aprendeu a tocar violão e piano, tornou-se compositor, em seguida arranjador e por fim maestro.
A partir de então ganhou o mundo, agora navegando a realidade, e nos anos 1950 começou a excursionar com o Grupo Brasiliana, que ajudara a fundar em 1949, sob o nome de Teatro Folclórico Brasileiro.
Na Europa, onde se apresentou em 1953, encontrou cidades ainda devastadas pela II Guerra Mundial, mas a beleza da sua música e a estética da dança do grupo foram lenitivos para aquelas feridas ainda abertas. Em 1951 e 1955 visitou a América Latina, e mais uma vez a Europa, em 1958. Em 1959, a Austrália. Em 1961, a Hungria, a primeira excursão de um grupo artístico brasileiro à então “Cortina de Ferro”. Aliás, na maioria desses lugares o Brasiliana foi pioneiro como grupo artístico brasileiro a se apresentar no exterior. Para um de seus fundadores, o sucesso do Grupo Brasiliana só é comparável ao sucesso de Carmem Miranda. Contudo, o da admirável artista divulgando o samba, o Rio de Janeiro e a Bahia, foi anterior ao do Grupo Brasiliana e se restringiu, em um primeiro momento, somente aos Estados Unidos. Para o pesquisador Abílio Pereira Neto, diga-se, o Brasiliana abriu as portas da Europa para a cultura brasileira.
Entre os quadros artísticos que o Brasiliana apresentava em seus espetáculos, estavam o cafezal, o maracatu, o lundu, o frevo e o caboclo, danças folclóricas brasileiras. Ademais, eram mostradas as coreografias de candomblé, que eram a representação cênica desta religião afro-brasileira. No próprio nome do grupo, vale ressaltar, era evidente uma representação de identidade nacional.
Em 1954, José Prates gravou o seu primeiro disco. Na França, vale registrar.
Voltou ao Brasil e fez muitas coisas, desde o ensino da música até o trabalho de musicar peças teatrais, muitas tendo Grande Otelo como figurante.
Com o patrocínio da Siemens gravou um grande disco chamado Brasiliana, que trazia em um dos lados apenas músicas inspiradas nos cantos de terreiros de candomblés e macumbas, enquanto o outro lado era composto por lamentos, sambas e maracatus. Tal disco é uma raridade, mas, pelo que se diz, na internet, especialmente em sites europeus, é possível adquirir os áudios. Registra-se que um site brasileiro de vendas de LPs tinha um único exemplar desse disco, vendido imediatamente após ser anunciado.
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